Todo mundo está a procura de algo. E é esse algo que procuramos quando ouvimos uma música, quando lemos um livro ou uma poesia, quando nos encantamos e desencantamos com os que nos rodeiam.
Na verdade, esse algo é mais do que uma coisa em específico. É uma baú de anseios, de buscas e de aspirações. O fundo desse baú esconde talvez aquilo que mais buscamos, em nossa jornada inconsciente pela satisfação de nossa fome e sede mais interna.
Não acredito, entretanto, que seja de grande importância dissecar o conteúdo desse nosso baú. Nós já somos quantificados demais, definidos demais, explicados demais. Acredito que o mais importante seja ser sincero em relação aos ecos, barulhos e ruídos emitidos pelo baú detentor do nosso algo nesse mundo.
Tendo disso isso, eu acho que eu consigo explicar uma faceta do meu baú interior, ou pelo menos um dos itens oriundos de uma das suas camadas superiores.
Eu me dei conta de que eu me interesso pela fraqueza do outro. Toda a dinâmica envolvida nos momentos/facetas da fraqueza em um indivíduo me despertam uma fascinação peculiar, me encanta e me instiga. Das melhores conversas que eu já tive, são as confissões a respeito da fraqueza que ocupam os lugares mais doces no meu universo de recordações.
Mas pensando bem, a fraqueza não é o objeto final do meu interesse. Pessoas de verdade me interessam. E na minha experiência de mundo, não existem oportunidades melhores de se encontrar com uma pessoa de verdade do que nos momentos em que a pessoa em questão baixa a sua guarda, desnuda das suas aparentes forças e ousa mostrar suas mazelas e fraquezas. Esses momentos de (confissão de) fraquezas se tornam então janelas para o humano, relevando as possibilidades e limitações do indivíduo, e traz o que se é de fato à tona.
Como diria a música "O Poeta está vivo", de composição de Dulce Quental e Roberto Frejat, "todo mundo é parecido quando sente dor". A dor é um dos intrumentos reveladores da fraqueza. A dor nos humaniza; não no sentido de que ela nos torna pessoas melhores, mas que ela traz à tona a nossa humanidade frágil, insegura e, por vezes, temerosa.
É claro que nem todo encontro com pessoas de verdade é bonito e interessante. Isso porque nem sempre (ou talvez, na minoria das vezes) o encontro em questão está em sintonia com o restante da agenda do "nosso baú do algo". Mas, em todo caso, eu vejo esses encontros (de verdade) como uma oportunidade para a surpresa, o novo, e, quem sabe, o belo.
Eduardo Costa
Foto fonte: http://nave-azul.blogspot.be/2012/11/dor.html
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