SANTOS PROFANOS
Se eu pudesse parar as horas e os minutos
eu ficaria a contemplar a beleza dos santos
o rosto calmo e cheio de esperança
o olhar piedoso e profundo
o peito palpitante e inocente
as mãos calorosas e acolhedoras
as roupas largas escondendo o corpo delineado
os pés firmes no chão e
o convite ao divino
Se eu pudesse acelerar os minutos e as horas
eu me deitaria e levantaria com os profanos
o corpo quente e o olhar misterioso
a voz sedutora e o suspiro inflamado
a boca macia e vermelha
o andar seguro e sem apegos
as mãos ágeis e os peitos desnudos
o jeito apressado e inquieto
o convite ao terreno
Mas eu, que não paro nem corro,
sigo a batida do meu peito
e a caminhada constante do relógio
Por vezes admiro os santos,
outras vezes invejo os profanos
Tropeço em pedras, piso na lama
E sem me abater não me deixo enganar
pelos sapatos macios e na medida
dos santos e do profanos
No comments:
Post a Comment