Thursday, January 31, 2013

Novo Estado das coisas



Novo Estado das coisas

No novo Estado somos reféns
daqueles que nossos avós adularam
daqueles conhecidos de nossos pais
daqueles que sabemos desgostar

Eles nos violentam com seus nomes,
suas ruas, casas, símbolos e canções
Eles nos atingem no coração da liberdade
e sufocam a nossa diversidade

Deles que estão por todas parte
esperança do passado, ódio do presente
exigimos que se retirem e que vão em zás
do nosso novo Estado das coisas.







Tuesday, January 29, 2013

Complexo de missionário


COMPLEXO DE MISSIONÁRIO


Eu que nasci com complexo de missionário

gosto do repartir das boas novas do belo
da música, da poesia, e das boas histórias

gosto do repartir das perguntas, das indagações
das respostas rápidas, e das pensadas

gosto do repartir dos sentimentos, dos encantamentos
das primeiras e das últimas impressões

gosto do repartir das desilusões, dos medos,
das fraquezas e dos desencantos

Eu que nasci com complexo de missionário

oro, rogo, busco, canto, clamo
pelos missionários






Sunday, January 27, 2013

Adão e Eva


***

Hoje eu encontrei Adão e Eva
Cândidos, atentos, cuidadosos e sensuais
Exatamente como haveriam de ser

Adão era mais baixo do que imaginei
Olhos tão bonitos jamais esperei
Moço bom, jeito simples, olhar seguro

Eva, não muito notei
Mais baixa que Adão, jeito elegante
Planos em família para o domingo 

Hoje eu abençoei Adão e Eva
e seus filhos, e os filhos de seus filhos
e a nossa garantida existência na Terra.

***

Caminhos


CAMINHOS

Os caminhos são os mesmos
os sapatos do mesmo tamanho
o destino, o mesmo
a distância, a mesma
o mesmíssimo nome
O mundo, todavia, é outro.



Benção e Maldição

***

Na noite em que deixei os meus
a lua se escondeu de mim
o vento me cortou
e árvores entoaram o famoso hino de iniciação

Foi então que eles se revelaram
Os dois seres viventes

O primeiro me tomou pelas mãos
percorreu suas mãos pelo meu cabelo
acariciou meu rosto
e com um beijo longo e suave
suspirou no meu interior:

"Eu te abençoo com um espírito simples e manso
Você contará com o favor de reis sem nunca precisar se curvar
O seu inimigo dormirá nú ao seu lado
Portas estreitas e largas para você se abrirão
Você se sentará à mesa de justos e injustos
e encontrará a singeleza no arrogante
Olhos bons e maus cuidarão dos seus caminhos
e a ajuda sempre virá te encontrar."

O segundo ser vivente então se aproximou
Com mãos firmes e olhar atento
levantou o meu queixo
cuspiu nos meus olhos
e sem demora decretou:

"Eu te amaldiçoo com olhos atentos e sensíveis
Você sentirá a dor da mão do carrasco
e ouvirá o nó da garganta do órfão
Você lamentará a partida do desconhecido
Você escutará o clamor do inajudável
e verá os olhos vermelhos dos invisíveis
Seus caminhos serão mais largos, longos e profundos
e a beira da estrada os seus olhos incomodará."

O galo cantou, o sol brilhou, e o vento parou
Então eu me levantei 
com minha benção e maldição.

***


Saturday, January 26, 2013

Janelas para o humano




Todo mundo está a procura de algo. E é esse algo que procuramos quando ouvimos uma música, quando lemos um livro ou uma poesia, quando nos encantamos e desencantamos com os que nos rodeiam.

Na verdade, esse algo é mais do que uma coisa em específico. É uma baú de anseios, de buscas e de aspirações. O fundo desse baú esconde talvez aquilo que mais buscamos, em nossa jornada inconsciente pela satisfação de nossa fome e sede mais interna.

Não acredito, entretanto, que seja de grande importância dissecar o conteúdo desse nosso baú. Nós já somos quantificados demais, definidos demais, explicados demais. Acredito que o mais importante seja ser sincero em relação aos ecos, barulhos e ruídos emitidos pelo baú detentor do nosso algo nesse mundo.

Tendo disso isso, eu acho que eu consigo explicar uma faceta do meu baú interior, ou pelo menos um dos itens oriundos de uma das suas camadas superiores.

Eu me dei conta de que eu me interesso pela fraqueza do outro. Toda a dinâmica envolvida nos momentos/facetas da fraqueza em um indivíduo me despertam uma fascinação peculiar, me encanta e me instiga. Das melhores conversas que eu já tive, são as confissões a respeito da fraqueza que ocupam os lugares mais doces no meu universo de recordações.

Mas pensando bem, a fraqueza não é o objeto final do meu interesse. Pessoas de verdade me interessam. E na minha experiência de mundo, não existem oportunidades melhores de se encontrar com uma pessoa de verdade do que nos momentos em que a pessoa em questão baixa a sua guarda, desnuda das suas aparentes forças e ousa mostrar suas mazelas e fraquezas. Esses momentos de (confissão de) fraquezas se tornam então janelas para o humano, relevando as possibilidades e limitações do indivíduo, e traz o que se é de fato à tona.

Como diria a música "O Poeta está vivo", de composição de Dulce Quental e Roberto Frejat, "todo mundo é parecido quando sente dor". A dor é um dos intrumentos reveladores da fraqueza. A dor nos humaniza; não no sentido de que ela nos torna pessoas melhores, mas que ela traz à tona a nossa humanidade frágil, insegura e, por vezes, temerosa.

É claro que nem todo encontro com pessoas de verdade é bonito e interessante. Isso porque nem sempre (ou talvez, na minoria das vezes) o encontro em questão está em sintonia com o restante da agenda do "nosso baú do algo". Mas, em todo caso, eu vejo esses encontros (de verdade) como uma oportunidade para a surpresa, o novo, e, quem sabe, o belo.     


Eduardo Costa


Foto fonte: http://nave-azul.blogspot.be/2012/11/dor.html
    

Movimentos


MOVIMENTOS


A alegria do encontro de duas almas
os olhos que se comunicam
a vontade de estar
a sintonia gratuita
os ouvidos atentos
os olhares cuidadosos
os corpos que se procuram
Repartir, entregar, desfrutar

A fatalidade da separação das almas
os olhos que já não dizem mais nada
se desconhecem, se estranham
se criticam, se violentam
A busca inútil da sintonía perdida
como quem quer salvar o que já não é,
o que se apagou, 
não se despediu
simplesmente partiu.


(http://amigadedeus1209.blogspot.be/2012/02/aceitas-mudancas.html)




26 de janeiro de 2013
Eduardo Costa

Tuesday, January 15, 2013

Santos profanos


SANTOS PROFANOS



Se eu pudesse parar as horas e os minutos 
eu ficaria a contemplar a beleza dos santos
o rosto calmo e cheio de esperança
o olhar piedoso e profundo
o peito palpitante e inocente
as mãos calorosas e acolhedoras
as roupas largas escondendo o corpo delineado
os pés firmes no chão e
o convite ao divino

Se eu pudesse acelerar os minutos e as horas
eu me deitaria e levantaria com os profanos
o corpo quente e o olhar misterioso
a voz sedutora e o suspiro inflamado
a boca macia e vermelha
o andar seguro e sem apegos
as mãos ágeis e os peitos desnudos
o jeito apressado e inquieto
o convite ao terreno

Mas eu, que não paro nem corro,
sigo a batida do meu peito
e a caminhada constante do relógio
Por vezes admiro os santos, 
outras vezes invejo os profanos
Tropeço em pedras, piso na lama
E sem me abater não me deixo enganar 
pelos sapatos macios e na medida
dos santos e do profanos



Minha Tia Juliana



Numa casa de sete mulheres, mamãe foi a única a se casar. Até hoje não entendi muito bem se ela considerava seu destino mais bem-aventurado do que o de suas irmãs. O que eu sim pude entender, desde muito cedo, é que mamãe nunca olhou com muitos bons olhos o fato de ela ter nascido numa família tão grande. Talvez seja por isso mesmo que mamãe tenha se mudado tão jovem da casa do vovô e da vovó; ela tinha dezessete anos na época, se não me engano. Cansada da vida pacata da fazenda no interior do Paraná, onde ela dividia parte dos afazeres domésticos e do campo com suas seis irmãs, mamãe se mudou aqui para o Rio de Janeiro. E foi aqui que ela conheceu papai. E foi aqui que eu nasci.

Mamãe sempre deixou claro que ela só queria um filho, e papai nunca ofereceu muita resistência. Então, quis minha mãe e o destino que eu fosse filho único, criado em cidade grande, que eu estudasse no melhor colégio do Rio, que eu tivesse aula de inglês desde os meus 2 anos de idade, que eu nunca tenha tido jeito para andar a cavalo, que eu nunca tenha tirado leite de uma vaca, que eu adorasse brincar de esconde esconde no condomínio com meus amigos, que eu soubesse tocar violino, que eu me tornasse quase um expert em teatro, que eu não tivesse um cachorro de estimação, e que eu passasse onze meses de cada ano ouvindo sons de carros, buzinas e sirenes.

Mas por um mês, um mês inteirinho, a cada ano, eu me sentia o melhor amigo do rei. Lá no interior do Paraná, onde meus avós viram todos os seus dias, até o último dia; lá, onde minhas seis tias ainda seguiam com os afazeres da fazenda de nossa família; lá era o meu lugar por 31 dias de cada ano.

Dezembro sempre era mês alegre na fazenda. Depois de um ano inteiro conversando apenas por cartas com as minhas seis tias, depois de contar os meses, dos dias e as semanas, depois de 334 cafés da manhã na cidade, eu finalmente podia regressar ao meu cantinho preferido do meu mundo de então.

Durante um mês eu era disputado pelas minhas seis tias. Minha mãe sempre dizia que eu voltava cada vez mais folgado e mal criado das minhas férias no campo. Eu nunca concordei. Eu sempre voltei mais rico e alimentado da vida de cada uma dessas seis mulheres, solteiras, maduras, sozinhas, tão cheias do que compartilhar, tão privadas de pessoas com quem compartilhar.

Cada uma tinha seu jeito peculiar de me tratar, e seu jeito de me encantar. E cada uma delas descobria um pedacinho de mim que por onze meses por ano insistia em dormir. Tia Clara adorava cozinhar e nossa vida sempre foi na cozinha. Tia Joana sempre insistiu que eu tinha nascido para os serviços da fazenda, e sempre me levava para ver a criação. Tia Dorvalina gostava de me ver tocar violino e de ouvir minhas histórias do conservatório, do teatro, e dos filmes que tinha assistido no cinema. Tia Ludimila queria sempre saber se eu já tinha beijado alguma menina, e se as meninas do colégio eram bonitas; para ela a minha vida era uma novela. Tia Lourdes insistia que queria aprender inglês comigo, e que um dia ela ia morar nos Estados Unidos; suspeito, entretanto, é que ela só insistia em nossas aulas porque ela achava que aquilo me entretinha. Tia Juliana.... hmm... Tia Juliana quase nunca me dizia nada.

Eu nunca soube explicar o por quê, mas Tia Juliana sempre foi a minha tia preferida. Ela, entretanto, sempre foi acusada pelas suas irmãs, inclusive mamãe, de fazer pouco caso da minha estadia na fazenda. Maior injustiça contra minha Tia Juliana não poderia haver.

Tia Juliana sempre me enxergou mais a fundo, e com mais atenção do que todo mundo que eu já conheci. Do pouco que ela me falava, e da maneira como ela me olhava, eu, na verdade, penso que ela enxergava até demais; acho que, por vezes, ela chegava até a fantasiar. Mas eu nunca me importei. Pelo contrário, ela sempre fez meu mundo parecer mais importante, mais interessante, mais enigmático, mais profundo, mais misterioso. Ela não só me compreendia, mas também me desafiava, me inspirava.

Ás vezes eu passava em frente à Tia Juliana e a ficava observando com o canto do meu olho. Eu sabia que ela estava me observando, e eu ficava tentando a observar na contra-mão do caminho que ela usava para me alcançar e decifrar.

Eu nunca soube se Tia Juliana queria me descobrir ou me reinventar. Eu nunca soube se ela estava interessada em mim, ou na pessoa que ela pensava que eu fosse. Não, eu nunca soube. Mas era na Tia Juliana em quem eu mais pensava todo dia em que eu acordava no meu quarto da cidade.


15 de janeiro de 2013

Sunday, January 13, 2013

Nossos diálogos politicamente incorretos


PRELÚDIO

Hoje na famosa rede social muito usada por todos eu li o seguinte:

Menina X (ao comentar uma foto do Menino Y): Mas é mesmo uma bixona! 
Menino Y (respondendo ao comentário da Menina X): ... que já te fudeu!

Uma brincadeira de amigos, você diria. Concordo. Sem má intenção alguma. Concordo plenamente.
Mas mesmo assim tem algo que me incomoda.


NOSSOS DIÁLOGOS POLITICAMENTE INCORRETOS


Eu não sou um grande fã do termo "politicamente correto". Primeiro, porque ele é extramente subjetivo. Segundo, porque ele obedece aos interesses dos seus doutrinadores (i.e., daqueles que lutam pelos tais valores politicamente corretos). Terceiro, porque eu considero os politicamente corretos extremamente incorretos quando se olha para a maneira como os tais corretos respeitam e dialogam com pensamentos contrários aos seus.

Mas, mesmo a contra gosto, com uma coisa eu tenho que concordar com os "politicamente corretos": a maneira como nos expressamos reflete sim os valores arraigados na nossa cultura, formação, educação, criação. 

Acho que cada um tem o direito de se expressar como bem queira, especialmente quando existe um ambiente de respeito, quando se dialoga/brinca entre amigos. Mas, da mesmo forma eu tenho o direito de interpretar os valores sendo difundidos nesses mesmos diálogos que demonstram liberdade de expressão.

Nessas duas frases têm duas coisas que me saltam aos olhos e me incomodam.

Primeiro, a referência de que alguém é homossexual é feita para inferiorizar e ridicularizar. No caso da situação acima, é só uma provocação/brincadeira, levando em consideração que a pessoa em questão é heterossexual.

Mas a mesma brincadeira sem maldade denuncia a consideração / o sentimento que "ser homossexual" traz algo de inferior consigo.  

Me entenda bem. O problema não é a brincadeira em sim, mas de onde ela vem / como ela surge / no que ela se baseia.

Conversando com um amigo heterossexual que já foi por algumas vezes questionado se era gay, pude perceber um certo incômodo da parte dele com relação a essa suspeita. O sentimento é perfeitamente compreensível se você parte do pressuposto que ser confundido com gay poderia trazer questionamentos sobre a sua real preferência sexual e diminuir suas chances com o sexo oposto. Mas, a explicação dada por esse meu amigo é que ele sentia a sua masculinidade ser diminuída com aquela suspeita. Como se um homem homossexual fosse menos homem que um heterossexual. E que sendo assim, isso traz um sentimento de diminuição de valor.

Isso nos leva ao segundo ponto. O ser viril/masculino é algo que, no pensamento vigente, valoriza uma pessoa. Desse ponto de vista, o ser feminino/mulher sofre de uma certa desvalorização. 

Do diálogo mencionado no começo do texto, o que está implícito é que o fato de um homem penetrar a vagina de uma mulher a coloca numa situação inferior a ele. Afinal, ele "a fudeu". Ele tem o troféu. Ela "foi fudida". Nem sei o que ela tem, se eu seguir esse raciocínio corrente e machista. 

Isso me faz lembrar de uma outra história que ouvi de um amigo meu que disse que depois de dois homens terem feito sexo, um deles, na tentativa de denegrir a imagem do outro (depois de um desentendimento) disse: "Eu fudi Z, e ele se portou como uma mulher". Ou seja, a conjugação "eu fudi" atribui valor ao sujeito, ao mesmo tempo que a palavra mulher assume uma semântica negativa na frase, como uma tentativa de humilhação.  

Embora esse comentário tenha sido feito de uma maneira desrespeitosa, o que não me parece ser o caso, à primeira vista, do diálogo reproduzido no começo do texto, as duas situações apontam para os mesmos pontos problemáticos dos pensamentos/sentimentos vigentes em nossa sociedade.

Repito. O problema não são os diálogos em si. Desde que haja respeito e valorização da dignidade do outro, acho que deveríamos ser muito mais francos e verdadeiros em nossos diálogos. Não acho que a solução é tornar cada cidadão num ser hipócrita que sabe usar as palavras corretas para fazer média, e parecer "politicamente correto".

O que eu estou enfatizando aqui é que nossos diálogos trazem denúncias consigo. Denúncias essas que merecem nossa atenção, porque elas apontam para coisas que estão muito mais profundas e aconchegadas na nossa sociedade. 


Tuesday, January 08, 2013

10 ave maria




Quando na minha vida se fez manhã
ainda no peito de mamãe
Papai suspirou minha primeira profecia

"Meu pequeno, meu pequeno,
de pulsos grossos, olhos grandes, e sorriso largo
corra, corra, sempre para ela
por que você é de Maria"

Papai nunca me disse
quem era a minha Maria
Minha sina sempre foi todavia
nos braços de uma Maria

Maria Ana eu encontrei primeiro
Honesta, debochada, exagerada,
Com ela eu tive a primeira aula de amizade

Maria Bela eu encontrei depois
Inteligente, esforçada, compenetrada  
Um pouquinho de mim que eu amava visitar

Maria Carina me emprestou seus lábios
Mexeu com minha cabeça nas saídas noturnas
Tocou meu coração no companheirismo diurno

Maria Dora veio para me entender e acompanhar
Com ela o eu se perdeu, deixando lugar para o nós
Uma irmandade que não tem fim

  Maria Elaine me deu sua mão
Foi chegando, se aconchegando, e ficando
De tão graciosa, também sempre me deixou ficar

Maria Fernanda chegou sem pretensão
Menina insegura, fogo de mulher   
Nossa intimidade cresceu assim sem notar

Maria Geisa apareceu numa tarde de domingo
Bonita, sensual, arisca, orgulhosa
Encarna toda a doçura e candura de uma Maria

Maria Heloísa veio como um furação
Por ela me apaixonei, nela eu me encontrei,
Nela eu me perdi, e depois eu a perdi

Maria Isabel eu vi primeiro de longe
É a Maria que eu nunca sei se entendi
É a Maria que sempre soube que me entendeu

Maria Julia demorou a chegar
Trouxe honestidade, provocação, e interrogação
Veio para me interpretar e reinterpretar 


Ana Bela Carina Dora Elaine 
Fernanda Geisa Heloisa Isabel Julia
Sim papai, eu sou mesmo é das Marias 




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Figura de: http://blogdovestiba.pucpr.br/2012/03/08/8-de-marco-dia-internacional-da-mulher/

Saturday, January 05, 2013

A minha gente ali


(Fonte: http://coisasquegosto.files.wordpress.com/2007/12/girafa1.jpg?w=575)


A MINHA GENTE ALI


Se me perguntarem onde é que fica meu galho
vou responder sem demora e hesitação:
"É com aquela gente estranha ali"

"Mas o galho está vazio, não tem ninguém ali"
Me responderiam com cara de interrogação. 

Calmo e com a voz baixa eu insistiria 
"Olhem bem, meus senhores
Eles estão ali, eles estão ali".

São aqueles afobados ali
de cara lavada, jeito educado
e andar politizado

Aqueles meio inquietos ali
preocupados com o mundo, 
com a morte e com a bezerra 

Aqueles poetas ali
que falam de Lewis, Nouwen, Stott
Paralamas e Paulinho da Viola

Aqueles desbocados ali
que mais parecem filhos da irmã Beatriz
com a trava Catarina 

Aqueles confusos ali
que não sabem se vão, 
se dão, ou se ficam

Aqueles coloridos ali
que a vida fez tolerante,
friendly e open-minded

Aqueles amados ali
que pensam, repensam, 
interpretam e desinterpretam

É, eles, eles, ali

Mas agora eu já vou indo
com a minha gente ali
É hora do AMÉM!


Wednesday, January 02, 2013

The holy family with the bird

The holy family and the bird - Bartolomé Esteban Perez Murillo


When I saw the above painting in the Prado Museum (Madrid), it really caught my eyes. The main reason is the way the painter - Bartolomé Esteban Perez Murillo - pictures Jesus.

The Jesus of the painting is playing in a very childish way with the bird and the dog.

Poor bird, and poor dog, I would say. But the message I get from the painting is that the painter is showing Jesus as a normal child, doing childish things. A very human way to picture Jesus.

Christians usually tend to deny Jesus his humanity. The painter is giving it back.

Vai uma agenda pessoal aí?



Você já ouviu falar de agenda pessoal? Se você fez/faz parte da Aliança Bíblica Universitária (ABU), você com certeza sabe do que eu estou falando. Se você não tem nem idéia do que ABU é, não tem problema; você provavelmente já fez muitas agendas pessoais na sua vida.

Na ABU, costumávamos chamar de "agenda pessoal", conversas (geralmente entre duas pessoas) que aconteciam entre estudantes como parte da programação de certos eventos/encontros estudantis organizados pela ABU.  A idéia era promover um espaço de surgimento de amizades entre estudantes que estavam participando do evento, e também um exercício em ser pessoal em nossas conversas; algo que não é totalmente simples. Geralmente havia uma palestra introdutória sobre o assunto (família, namoro, estudos, carreira, infância, culpa, dúvidas, sonhos, etc.) e depois nos dividíamos em duplas para as tais conversas / agendas pessoais, e torcíamos para que a conversa fluísse.  

Hoje, já há anos sem envolvimento direto com a ABU, dificilmente penso no termo "agenda pessoal". Mas quando o faço, sempre lembro com saudades de algumas conversas muito especiais que eu tive nos meus anos de ABU. E fico feliz/grato em saber que, no meu caso, aquelas conversas funcionaram como um incentivo/aprendizado para ser mais pessoal não só no contexto da ABU, mas em outros contextos onde havia espaço e oportunidade para intimidade e confiança. Por isso o termo "agenda pessoal" ainda soa de uma maneira muito doce nos meus ouvidos.

Mas o motivo pelo qual eu pensei nesse termo hoje não foi exatamente por conta do meu tempo de ABU. Foi por conta de uma conversa que eu tive recentemente com um desconhecido e que foi extremamente pessoal (especialmente da parte dele). Eu fiquei impressionado como ele estava sendo sincero e claro a respeito de suas experiências vividas e sentimentos. Até ele mesmo disse estar impressionado como ele estava falando tão claramente a respeito de tudo. 

Eu digo que esses são momentos onde almas se encontram e começam a conversar. Momentos preciosos, que às vezes podem vir sem avisar numa mesa de bar, numa cama de motel, numa piscina, numa varanda, num quarto escuro, durante uma caminha/corrida . 

Saibamos aproveitá-los!


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Figura - fonte: http://download.ultradownloads.com.br/wallpaper/64963_Papel-de-Parede-Conversa-de-Ovelha_1280x1024.jpg