The queen of the season
Monday, October 27, 2014
Thursday, September 25, 2014
Home
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As I went out this morning, I saw the streets, still wet from the rain last night. It was a bit windier and colder than usual, and gray clouds were spread everywhere, covering the blue sky from the day before. I felt that if I closed my eyes for one second, I would be able to see the students riding their bikes in the Naamsestraat and the wheel of my bike parked over the corner, I would hear Flemish being spoken, and I would not be the only one wearing a checkered shirt in that street. It felt like home. A home far away from home.
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Foto from Ladeuzeplein (https://c1.staticflickr.com/5/4145/5088855157_8954b105da_z.jpg)
Wednesday, July 02, 2014
TERCEIRO
TERCEIRO
Prelúdio:
Como foi o show da Gal na virada cultural? E o show da Baby? E a música Eu sou neguinha? E o Caetano? Gil? E o Ney Matogrosso então? E a branca e a morena na praia? E o frisson? A festa de ontem? E aquele menino ali?
TOTALMENTE TERCEIRO SEXO!
O terceiro sexo
é uma interrogação
uma pergunta sem resposta
um gemido sem explicação
É selvagem na própria vontade de entender-se
Mistério rebelde no preestabelecido
É um gato pobre e lindo
que vive a ilusão do ter nascido livre
O terceiro sexo se delicia em suas camisas estampadas
na brisa mais suave e alucinante
Ao som de Gal, Baby, Caetano e Bethânia
dançam, roçam, misturam-se e profanam
O terceiro sexo de tão terceiro
é primeiro e segundo
herdando toda a beleza e o cinismo
da combinação de dois e um
Vive a contradição de ser diferente e igual
livre e cativo
a beleza dos novos caminhos
a tristeza da reprodução do já construído
Eu olho, me curvo,
rio, choro, desprezo,
me apego, me rendo
Tuesday, July 01, 2014
Segundo parto
Segundo parto
Havia alguma coisa diferente naquele dia
Eu podia sentir o ar húmido e pesado
alargando minhas narinas
e oprimindo os meus pulmões
Eu queria que o sol me abraçasse
e com seus raios aquecessem e adornassem a minha pele
Mas, por escárnio ou vergonha,
ele se escondeu de mim
Deixando as nuvens transparecerem a sua ausência
O barulho das ondas se lançando contra a areia
se juntava à chuva escorrendo pelo telhado
produzindo uma música amarga,
que me aprisionava no meu medo
E na minha garganta enrolava o não dito
As janelas se espremiam
As portas de estreitavam
O chão se alargava
O teto se aprofundava
Corri para fora como uma presa que salta da boca da besta
agarrei meu guarda-chuva,
que encostado na porta,
parecia anunciar a minha fuga enchuvarada
Ao alcançar a praia, dei descanso as minhas pernas
E o mar e o infinito silenciavam o meu grito
O guarda-chuva os meus ombros da chuva fria protegia
E minhas lágrimas, pesadas e postergadas, regavam os meus pés cansados
Havia o mundo me abandonado?
Foi quando eu senti um toque suave no meu ombro
uma respiração conhecida se achegando
sua presença me aconchegando
Com seus olhos, igualmente maternais e fraternais,
ela ouviu tudo naquele instante,
sem eu dizer nenhuma palavra
sem mesmo tentar articular meus lábios
Lado a lado caminhamos de volta para nossa casa
com suas portas largas e suas janelas ventilantes
Foi então que eu ouvi a rima rara
de um segundo parto
que todos os elementos desenharam pra mim!
Friday, April 11, 2014
Thursday, April 10, 2014
Atrás da porta
***
Do João eu ganhei um anel
Do José um brinco
Não era aquilo que eu queria
Queria ou quisera
Foi isso que restou
Isso e o cinismo
que guardo atrás da porta
***
(Diógenes sentado em seu barril cercado por cães. Pintura de Jean-Léon Gérôme de1860.)
Tuesday, April 08, 2014
Wednesday, April 02, 2014
Thursday, March 27, 2014
BOM DIA
*****
BOM DIA
Hoje eu abri os meus olhos
e o dia me falou bom dia
Tinha uma coisa diferente na luz pelas frestas da janela
Tinha um coisa diferente nas roupas que saltei no caminho para o banheiro
Tinha uma coisa diferente na água do chuveiro
Tinha uma coisa diferente na música no rádio
Tinha uma coisa diferente na maneira que minha poltrona me abraçou
Tinha uma coisa diferente no sol batendo na minha porta
Pernas, braços, olhos, pescoço, pés, mãos
Tinha uma coisa diferente no café que eu bebi
Tinha uma coisa diferente no vento no meu rosto
E uma coisa mais diferente ainda no ar
que eu respirei e que encheu o meu peito
Tinha uma coisa diferente na minha planta mais bonita
Confiei também que tinha uma coisa diferente na minha planta mais feia e mais querida
Elas e eles me falaram bom dia!
E eu resolvi compartilhar meu bom dia com você
porque todos eles também te falaram bom dia!
e o dia me falou bom dia
Tinha uma coisa diferente na luz pelas frestas da janela
Tinha um coisa diferente nas roupas que saltei no caminho para o banheiro
Tinha uma coisa diferente na água do chuveiro
Tinha uma coisa diferente na música no rádio
Tinha uma coisa diferente na maneira que minha poltrona me abraçou
Tinha uma coisa diferente no sol batendo na minha porta
Pernas, braços, olhos, pescoço, pés, mãos
Tinha uma coisa diferente no café que eu bebi
Tinha uma coisa diferente no vento no meu rosto
E uma coisa mais diferente ainda no ar
que eu respirei e que encheu o meu peito
Tinha uma coisa diferente na minha planta mais bonita
Confiei também que tinha uma coisa diferente na minha planta mais feia e mais querida
Elas e eles me falaram bom dia!
E eu resolvi compartilhar meu bom dia com você
porque todos eles também te falaram bom dia!
*****
(Image/fonte: http://anacarolinafdotcom.files.wordpress.com/2011/04/600full-sofia-coppola_large.jpg)
Saturday, March 08, 2014
Para a moral apenas
***
Para a moral apenas
Do mal e do bem
o medo nos retém
Corta mais fundo que a espada
Deixa a alma paralisada
Do mal, e do bem também,
a moral nos detém
Acaricia os pudores aconchegados
Acordos sociais acorrentados
Dos dois cálices
já bebi
Ainda bebo
Mas um deles me enoja
O medo é forte e nos persegue
É por vezes cruel e insolente
Mas a moral...
Sabe ser vil, traiçoeira
Nos apunhala pelas costas
Nos mata de frio, fome e sede
Onde há calor, comida e vinho
Para a moral,
a moral apenas.
***
***
Thursday, March 06, 2014
Preocupação
PREOCUPAÇÃO
Preocupação
A roda da inquietação
Tamanha pretensão
Tanto esforço em vão
Anteontem perdi o sono
tentando somar A com B
Tive medo era que desse C
Quando acordei
A tinha fugido
B eu não queria mais para mim
E pensando bem,
C nem era tão mal assim
Preocupação
tanto esforço em vão
Tivesse eu ainda
achado grado, gosto,
graça, injúria, sentindo,
em alguma preocupação
mas
não.
Sunday, February 09, 2014
Nos seus braços
*****
Nos seus braços
Tem pessoas que, como eu,
gostam de subir em pedras
Só para olhar lá de cima
Só para sentir o vento
Só para sair da mesmice
Só para fingir de poeta
Só para sentir o carinho do sol
Tem dia que a gente sobe na pedra
e deixa a roupa enroscada no caminho
Tem vezes que a gente se afoga no suor
e se deixa arranhar com os arbustos
Tem horas que a gente chega no topo
com vontade de descer
Cansado, nu, suado, arranhado
Então eu vejo você
Reconheço os seus braços
Seu olhar inquieto
E um jeito seu
que alarga o meu peito
o meu riso
que alarga o meu peito
o meu riso
Então, eu caio para você
cansado
nu
suado
arranhado
leve
nos seus braços!
*****
Figura/fone: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfe0u8ZWGtPt7VFL22weVBRh5gL9gf2RQ5gl8MkfNW0jpxPR7aDhLJmIoljdHJVSwRaYZe4X6cR0U1jwT83IvK_r_SArngoU-1R0FyVtfkndxuxlTfBUl6qNKvdcmO7TMDtkTk7Q/s1600/pedra.jpg
Thursday, February 06, 2014
Bom dia Dona Felícia
Bom dia Dona Felícia
Bom dia Dona Felícia
Pode chamar de Dona?
Chama só de Felicia,
Senão parece que eu sou muito velha
Mas eu tenho quase oitenta anos já
Bom dia Felícia
A senhora quer um pedaço de bolo?
Eu fiz aniversário
Trinta anos
Nossa, trinta aninhos
A vida começa aos quarenta
Vou rezar uma ave-maria, um pai nosso
e rezar para o seu anjo da guarda
Reza sim Felícia
Sabe que eu tenho setenta e nove anos?
Mas a senhora está moça ainda,
cheia de energia
Até a calçada do meu prédio eu vi a senhora varrendo
e a rua também
Bom dia Felícia
A senhora prendeu o cabelo hoje?
Está bonitona
Hoje eu resolvi colocar as minhas presilhas
para prender o cabelo
daí não fica caindo no rosto
Bom dia Felícia
Eu comi a manga que a senhora me deu
Estava uma delícia
Ai que bom, meu amor
Tenha um bom dia
e vai com Deus, meu anjo
Saturday, February 01, 2014
Clareana e as nossas agendas
Clareana e as nossas agendas
Ontem eu tive que esperar por quase duas horas pelo meu ônibus na rodoviária de Campinas. Longe de ser a costumeira e tediosa espera, o ontem teve uma surpresa agradável. Com um violão, um sorriso espontâneo, uma voz gostosa, e um repertório de música popular brasileira, um cantor fazia da minha espera (e das pessoas ali presentes) uma sobremesa que se quer saborear devagar.
Eu, mesmo achando tudo na rodoviária de Campinas um absurdo de caro, comprei um chop de meio litro, me sentei na mesa que acabara de vagar e que ficava na frente do cantor, e me rendi ao sabor do momento. Deu vontade de ficar ali, compartilhando o momento com as pessoas bem dispostas que sabiam apreciar o que estava acontecendo ali.
Foi então que o cantor - que depois procurei saber o nome e se chama Carlos Cama - nos presenteou com a música Clareana, da cantora Joyce e que ficou entre as cinco músicas finalistas do Festival da Nova Música Popular Brasileira no início da década de 80. Ele ainda comentava sobre a cantora Joyce quando ouviu um pedido da música Homem Aranha do Jorge Vercillo. O cantor, mantendo sua simpatia, olhou para a pessoa e perguntou "Mas você ouviu o que eu acabei de falar sobre a cantora Joyce?". Diante de um provável gesto de confirmação da pessoa - que eu não cheguei a ver, o cantor continuou "É porque eu achei que você não tinha ouvido", antes de emendar uma linda interpretação da música pedida.
Eu fiquei pensando em duas coisas. Primeiro, em como alguém consegue ser tão direto e tão simpático ao mesmo tempo. Segundo, em como a nossa preocupação de manter as nossas agendas pode nos privar de surpresa de novos sabores, de mel de melão, de sim e de não.
Tuesday, January 21, 2014
Sabores
***
Meus amores são como flores
que saio a colher nos dias ensolarados
Eu faço um buquê
Os cheiro
Os saboreio
Com todo o cuidado do mundo
acaricio a sua nudez
Então o vento sopra
Então o sol nos queima
Então a noite chega
Então a chuva cai
Então a brisa desce
Então o dia amanhece
Eu faço um minuto de silêncio
Velo os sabores de ontem
Sabores, saberes
os guardo
na minha inquietude
E com todo o respeito do mundo
é que sai a colher
um buquê ensolarado
pra mim
e pra você.
***
Friday, January 10, 2014
Minuit à Paris
Minuit à Paris
Have you ever walked around in the city at midnight?
At midnight
some people are out there
The American boy says I should be in his bed tonight
The British girl says I shouldn't eat while boozing
The Aussies call us said people
The German girl got a bottle but is not drinking
The Iranian boy says he knows a good party
We, cats of daylight
are out tonight
And at midnight
so many people are out there
in the city!
Friday, January 03, 2014
Súplica
*****
SÚPLICA
Onde está a sabedoria dos humildes?
A mansidão dos simples?
A despreocupação dos sábios?
Estou farto dos experimentados
Estou farto das lições vomitadas
Estou farto dos deveres esperados
das regras, dos jogos, das fórmulas
Deixem-me me aconchegar nos braços dos perdedores
no peito cansado de quem já foi vil
nas mãos calejadas que perderam para a palmatória
nos pés descalços que perambularam errantes
Livrem-me dos conselhos dos vencedores
da presunção dos orgulhosos
da desumanidade dos que se adequam
dos que riem sem rir de si mesmos
Me levem à presença dos que me humanizam
Me deem de beber do seu sangue, suor e lágrima
do seu escândalo, da sua loucura, das suas ofensas
E levem embora a minha roupa, o meu orgulho
o meu dever, a minha vaidade
o meu dever, a minha vaidade
e o que mais eu deixar cair
e que lhes agradar
ou não.
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Thursday, January 02, 2014
Impulsos
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IMPULSOS
Impulsos
Pulsos
Olhares afoitos
Perigos
O ar
O frio
O beijo
Os susurros
Os gemidos
O brilho nos olhos
E o carro muito
muito mesmo
à frente dos bois
Impulsos
Fantasias
Idealizações
Promessas
Esperança
O futuro
O sorriso
O suspiro
O pensamento
Fantasias
Idealizações
Promessas
Esperança
O futuro
O sorriso
O suspiro
O pensamento
Os peitos ofegantes
O ímpeto
do carro
à frente dos bois
Impulsos
Entregas
Riscos
O jogo
O ganho
A perda
A ilusão
O presente
A vida
A vida
impulsiva
afoita
ofegante
Impulsos
à frente dos dois
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Imagem: http://www.madridimagen.com/2002/fotos/Impulsos02.jpg
Impulsos
Entregas
Riscos
O jogo
O ganho
A perda
A ilusão
O presente
A vida
A vida
impulsiva
afoita
ofegante
Impulsos
à frente dos dois
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Imagem: http://www.madridimagen.com/2002/fotos/Impulsos02.jpg
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