Sunday, August 07, 2011

Cavalgando no mundo das idéias despretensiosas


Quando pequeno, eu costuma passar boa parte das minhas tardes criando histórias de lutas e batalhas com meus brinquedos. Dinossauros, super-heróis e vilões habitavam o meu mundo de fantasia. Eu costumava me entreter por longas horas com meu brinquedos, somente deitado na cama dos meus pais, ou brincando no tanque da lavanderia – em dias de histórias envolvendo aventuras aquáticas.


É incrível essa tendência para a fantasia que apresentamos em nossos primeiros anos de existência nesse mundo tão real. E é também uma pena que com o passar dos anos vamos perdendo, pouco a pouco, essa habilidade tão lúdica e divertida.


Mas, vez ou outra, meus pensamentos ainda conseguem encontrar maneiras de me entreter com planos e “fantasias” que nascem sem muita pretensão de serem concretizados. Apenas idéias que são gostosas de serem saboreadas em momentos em que me sinto um pouco entediado, ou quando tenho que ficar por um período sem falar com ninguém. Ou simplesmente quando eu vejo ou ouço algo que serve de “combustível e alimento” para meus pensamentos.


Na minha última viagem pelo "meu mundo de idéias sem pretensões de nascer" eu estava imaginando o quanto seria interessante se eu tivesse um cavalo como meu fiel escudeiro. Um cavalo como o cavalo do Zorro, ou o Cavalo de Fogo da Princesa Sara – para aqueles que ainda lembram do desenho animado da década de 80. Um cavalo com o qual eu pudesse viajar de um lugar para o outro, como as pessoas sempre faziam antigamente. Um cavalo com o qual eu tivesse uma forte sintonia. Um cavalo real, sem asas nem chifre na testa. Tão pouco falante como o Cavalo de Fogo. Apenas um cavalo.


Mas é claro! Existem muitos tipos de cavalos. E como seria o meu? Hum, essa é uma questão difícil de responder. Eu sei que eu gostaria de um cavalo imponente, forte. Grande como os cavalos que vemos em filmes ou em exposições - que geralmente são quase duas vezes maiores que os cavalos comuns que vemos por aí. Mas o que eu ainda não consegui decidir é se eu gostaria um desses cavalos esbeltos, que parecem ser ágeis e andam elegantemente. Ou se eu gostaria um cavalo forte, desses que você vê puxando carruagens, cheios de músculos, longas clinas e pêlos nas patas.


Mas daí começo a pensar e devanear. Se eu quero um cavalo tão imponente e "poderoso" – seja ele esbelto ou com pêlo nas patas – eu preciso conhecê-lo muito bem, senão não terei chances alguma de poder cavalgá-lo. É então que eu decido que eu vou criar o meu cavalo desde o tempo em que ele ainda é um potrinho. Daí terei tempo de sobra para construir uma relação de confiança e sintonia com o meu fiel escudeiro cavalo, até o dia em que poderei montá-lo e iniciar minhas viagens com ele.


Porém, algumas questões ainda tem que ser pensadas. E se alguém rouba o meu cavalo durante uma de minhas viagens, depois de eu ter comprado um cavalo tão bonito e ter investido tanto tempo na criação dele? É claro, em tempos como os nossos sempre temos que considerar questões de segurança. E eu não sei se existe um seguro para cavalos. Mas, de todo modo, eu não gostaria de ver meu fiel escudeiro sendo levado embora por um ladrão de cavalos. Sem contar que, mesmo se sobrevivêssemos aos ladrões de cavalos, também preciso contar com o fato de que cavalgar pelas rodovias no Brasil com meu cavalo não seria uma das atividades mais seguras. Daí eu penso que talvez eu esteja muitas décadas ou séculos atrasado para querer viajar a cavalo por "terras desconhecidas".


E depois de ponderar a respeito de todas essas questões, eu digo adeus para o meu fiel escudeiro cavalo, agradecido por tê-lo tido em minha fantasia enquanto eu planejava a nossa vida de parceria. Então volto ao mundo real, onde sigo sem muitas pretensões de comprar um cavalo.


Leuven, 07 de agosto de 2011

Du







1 comment:

Franz Glauber Vanderlinde said...

Estava aqui pensando, eu vivo devaneando, e gostava muito de inventar histórias e combates com brinquedos quando criança. Desde a adolescência, eu invento mundos inteiros que vou cuidando e retransformando. Hoje eu reflito muito sobre eles, porque agora eu sei que eles são reais - são fragmentos de mim.