Friday, August 19, 2011

Quando te vi


Da primeira vez que eu te vi

ouvi você falar de Webber e Marx

nossa dessintonia era tamanha

que muito pouco entendi

e você tão articulada nem me notou ali


Da segunda vez que eu te vi

tínhamos os olhos em lugares distintos

mas por coincidência ou destino

eu esbarrei na sua surpresa

e por segundos pensei entender sua natureza


Da terceira vez que eu te vi

você simplesmente apareceu por ali

e eu cumprindo o meu dever

sem titubear ou hesitar

nem percebi seus olhos a me estranhar


Da quarta vez que eu te vi

nossas vidas já eram parecidas

até conselhos eu te pedi

sem ao menos desconfiar

o que futuro estava a nos reservar


Pela centésima vez que eu te vi

do começo ao fim você me entendia

choramos, rimos, nos declaramos

fui por vezes exagerado

de tão feliz ao seu lado


Da primeira vez que não te vi

um pedaço de mim se partiu

sem saber o que fazer

com olhos embaçados tentei te achar,

mas só podia mesmo era soluçar


Da segunda à quarta vez que não te vi

Tentei não sentir a sua ausência

senti você indo embora

nossa sintonia enfraquecendo

meu medo de te perder crescendo


Pela centésima vez que não te vi

a saudade não mais doía

suas lembranças se tornaram doce

na sua ausência você me fez forte

e nada mais culpei por nossa sorte


Hoje que ainda não te vejo

converso com você no silêncio

escrevo cartas de tinta imaginária

a certeza do ontem me compraz

e com o hoje e o amanhã me deito em paz.


Du

(Leuven, 19 de agosto de 2011)

2 comments:

Moya, T. S. said...

Acho que vou ganhar um sonho de valsa...
te amo muito, companheiro
obrigada por vc ser uma poesia em pessoa

Eduardo Costa said...

sério???? tinha certeza que vc ia perder a minha aposta... :-)