Wednesday, June 08, 2011


Recontando as origens


(Desenho utilizado no quadro "Senta que lá vem a história" do programa de TV "Rá-tim-bum", que passava na TV Cultura)


A história do nome deste blog remonta há 5 anos atrás, quando eu fazia o meu mestrado em São Carlos/SP. Naquela época ainda estava bem envolvido com o movimento estudantil cristão ABU – Aliança Bíblica Universitária (participação essa que foi responsável por anos memoráveis em minha vida e que me deu a oportunidade de conhecer e trabalhar com pessoas incríveis). Eu havia acabado de me mudar para São Carlos e trazia na minha bagagem toda a energia e entusiasmo da minha experiência com a ABU em Rio Claro/SP, onde me graduei em Ciências da Computação. Convicto de que minha participação na ABU não tinha se encerrado juntamente com a minha graduação, eu cheguei cheio de idéias no grupo de São Carlos.


É incrível como algumas idéias “pipocam” na minha cabeça quando eu estou entusiasmado. Algumas vezes, em um momento de pura inspiração ou completo devaneio, uma idéia aparece na minha mente. E acreditem, na minha mente minhas idéias sempre funcionam (o que na verdade deve ser algo óbvio a se dizer, pois talvez a maior parte das pessoas compartilhem desse sentimento). Posso ver como um filme a concretização da idéia e o seu bem sucedido desfecho. Fico então tão entusiasmado, que tenho certeza que tenho um plano genial. Mas de tão genial, ou de tão maluco, nem sempre consigo “vender” o tal plano às outras pessoas. E, para meu desapontamento, nem todos parecem tão entusiasmados com minha “idéia genial”.


E minha primeira “idéia genial” em São Carlos foi organizar um café da manhã para os estudantes (de graduação) do grupo. Mas não seria um café da manhã ordinário. Eu queria algo especial, que mostrasse carinho e apoio a esses estudantes tão novos, que davam seus primeiros passos no seu envolvimento com a ABU. Juntamente com uma amiga, também já graduada e também disposta a incentivar as atividades do grupo local de ABU, começamos os preparativos. Pedimos a algumas pessoas (também de um grupo cristão, mas composto pós-graduandos e pesquisadores) para enviar algo para o café da manhã (bolo, torta, etc) e uma mensagem de incentivo aos estudantes, na forma de uma carta, um cartão, ou simplesmente um bilhete. Como as mensagens viriam de pessoas mais velhas e que também tinham passado pela universidade como estudantes, a idéia era que eles conseguissem passar um pouco de ânimo e força para esses estudantes que estavam dispostos a encarar a difícil tarefa de falar da relevância da Bíblia no meio estudantil. Assim, segundo minha idéia, aqueles estudantes receberiam não somente um saboroso alimento para seus corpos, mas também alimento para o fortalecimento de suas almas. Genial, não?


Aparentemente não. Ou pelo menos a idéia não era tão clara assim. A maior parte das pessoas que contactamos não entendeu a idéia. A maioria disse não ter tempo para preparar algo para o café da manhã, e eles não tinham nem idéia do que eu pretendia com as tais mensagens. Felizmente, algumas poucas pessoas, mesmo sem entender muito bem o porquê de tudo aquilo, prepararam uma torta ou um bolo e nos mandaram juntamente com um bilhete/cartão. E no final, com a ajuda de alguns amigos, o café da manhã aconteceu e, segundo o meu ver, foi bem legal e produtivo.


Mas na semana seguinte passei ainda algum tempo pensando o por quê de minha idéia ter gerado tantas indagações, confusões e certa falta de atitude e colaboração, naqueles com os quais eu tinha certeza que poderia contar para por meu plano em prática. Na época não conseguia entender como eles não conseguiam seguir o meu raciocínio, e me senti nadando contra a corrente. Uma corrente de falta de visão e de estratégia, uma corrente de pouca disposição para ajudar. E foi exatamente naquela semana, em meio a esse desapontamento, é que eu ouvi pela primeira vez a música “Outras frequências”, do grupo “Engenheiros do Hawaii”. E a música caiu como uma luva na minha situação. Pela primeira vez pude perceber que o fato é que o meu coração e sentimentos estavam vibrando numa outra frequência.


Desde então a música se tornou não apenas a fonte inspiradora para o título do meu blog, mas também uma espécie de hino em tempos difíceis e de pouco apoio. Se tornou a minha maneira de me sentir confiante, mesmo sem encontrar tanta aprovação para alguns dos meus planos. Se tornou um incentivo para poder vibrar em outras frequências. Mas o que significa “vibrar em outras frequências”? Minha interpretação atual dessa poética expressão é um pouco diferente daquela despertada em mim na primeira vez que ouvi a música. Mas isso é um assunto para o próximo post.





Leuven, 08 de junho de 2011

Du

3 comments:

Anonymous said...

Eu tenho saudades do amigo Du e seus textos. Beijos! Ju Noronha

Franz said...

Mas nós, dançamos no silêncio
choramos no carnaval

Bem-vindo de volta. =)

Moya, T. S. said...

querido companheiro das frequêcias alternativas, precisamos urgentemente tomar outro café da manhã juntos!