A quão pouco você entendeu a respeito de você mesmo.....
A evolução interna de todo ser humano, enquanto pessoa e ser relacional, é simplesmente algo fantástico. Em vários momentos da nossa vida nos vemos em situações que nos levam a um confronto pessoal, de idéias, valores e sentimentos. Em alguns casos, tais situações nos levam até mesmo a um confronto com as pessoas ao nosso redor, com o nosso ambiente, e, no caso dos mais ousados e valentes, a um confronto com o sistema vigente. Esse confronto, independente das proporções que ele tome, não deve ser entendido como algo necessariamente negativo. Pelo contrário, ele pode ser extremamente positivo quando ele traz oportunidades para o crescimento pessoal e amadurecimento de idéias.
Durante esse processo de amadurecimento/crescimento pessoal muito “movimentos” ocorrem no nosso interior. Um deles é que, geralmente, temos a impressão de que entendemos melhor o nosso passado, entendemos melhor quem fomos, entendemos melhor quem queremos ser, e entendemos melhor quem não queremos ser. E, em muitos casos, essa impressão é um sentimento legítimo, pois amadurecer passa por um processo de auto-descoberta e auto-conhecimento. Processo esse que nos convida a nos tornarmos mais livres para cuidarmos de nós mesmos e daqueles ao nosso redor; nos traz mais paz para sermos nós mesmos e aceitarmos um pouco mais o outro; e também nos traz um sentimento de orgulho, também legítimo, por conseguir enxergar a vida de uma maneira mais clara e sóbria.
Mas de repente um fator novo e desconhecido pode ser inserido em nossa vida. Algo que te aponta para uma direção desconhecida e nova. Algo que te mostra que a caminhada não acabou. Algo que te mostra o quão pouco você entendeu a respeito de você mesmo.
E por estar exatamente nesse momento difícil de tentar aceitar que eu tenha entendido tão pouco de mim mesmo é que estou escrevendo esse texto. Não porque eu me gabe disso; na verdade isso me dá raiva e inquietação. Tenho a impressão de que Deus está de brincadeira comigo, e já tive algumas discussões com Ele essa semana. Depois de caminhar tanto eu não quero ninguém me falando que eu tenha que tentar entender alguma coisa melhor. Principalmente quando se trata de um assunto que já me custou muita energia, e que eu considere (ou considerava) ter chegado a um nível em que eu já entenda o que precisava ser entendido a respeito daquele assunto.
Como eu vou baixar a minha guarda? Isso eu ainda estou tentando entender. Mas enquanto isso eu vou lendo, vendo e escutando coisas que vão alimentando as minhas reflexões, como o seguinte trecho do livro “Eat Pray Love” de Elizabeth Gilbert.
“You make some big grandiose decision about what you need to do, or who you need to be, and then circumstances arise that immediately reveal to you how little yo understood about yourself”. (Elizabeth Gilbert)
“Você faz uma grandiosa decisão a respeito do que você precisa fazer, ou de quem você precisa ser, e então circunstâncias surgem que imediatamente revelam o quão pouco você entendeu a respeito de você mesmo”. (Tradução livre)
E eu termino esse post com uma frase que eu ouvi de uma amiga minha: “essa vida é um mistério”. Algumas vezes é confortante pensar nessa frase, porque me dá uma sensação de conformismo com a minha ignorância a respeito dos mistérios desse universo. Mas algumas vezes, como agora, essa é a última coisa que eu gostaria de admitir.
Du
Leuven, 20 de junho de 2011
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