Olhando para a cruz
Nesta semana o olhar esteve fixo na cruz. Uma cruz com uma atriz
transsexual, com a carne nua, na parada gay de Sâo Paulo. Uma cruz e uma
transsexual, que juntos causaram escândalo e indignação em parte da
população cristã. Uma cruz e uma transsexual, e líderes evangélicos
inflamados, e a intolerância entre classes.
Uma história sempre
tem muitos lados, muitas interpretações, muitos sentimentos e muitas opiniões. Há quem ache que é desrespeito. Há quem ache que é crítica
coerente e pertinente.
O que é triste no entanto é ver cristãos
ao meu ver ainda tão imaturos nas suas paixões religiosas. Na defesa
dos seus valores, morais, costumes, preceitos, e convicções, deixam a
indignação, a repulsa, o escândalo, tomarem conta do discurso. Não há
diálogo, não há espaço para encontros. Há espaço apenas para o circulo
vicioso da intolerância. De todos os lados. Hoje e amanhã.
Acredito que neste momento não há nada melhor do que olhar para a cruz.
Olhar para um Jesus que pregou primordialmente o amor e o perdão. Que
ensinou a dar a outra face. Que ao ser torturado, massacrado, humilhado,
esmagado, olhou para o Pai e disse "Pai, os perdoe, porque eles não
sabem o que fazem". O mesmo Jesus que poderia ter usado sua natureza
divina para aniquilar seus opressores, mas usou sua natureza humana para
se submeter. Amando até o final.
Se olharmos para a cruz a nossa
única resposta é o amor. Não importa se você acha o que aconteceu na
parada gay um absurdo ou um protesto pertinente, à luz da cruz só há uma
resposta: o amor.
E o parâmetro maior de amor para um cristão é
o próprio Jesus: aquele que comia com os marginalizados, aquele que nâo
condenou á mulher pega em adultério, aquele que sofrendo injustiça, pede o perdão para os seus opressores; aquele que quer o bem e não mal.