Elisa acabou de fumar o
seu décimo cigarro às quinze para às onze da manhã.
Nos últimos dia ela tem ficado assim, na penumbra; iluminada
apenas por valentes raios de sol que adentram o quarto pelas frestas
da janela. O telefone toca de vez em quando, mas sempre cai na caixa
postal. Perto da porta permanecem as correspondências não
abertas, a conta de luz e a de telefone. E, ali bem perto da porta:
um pequeno envelope azul turquesa. Ele ali se acomodou antes de ontem às
quatro da tarde. Elisa já se perguntou algumas vezes a
respeito do seu conteúdo. Talvez seja um cartão de
natal da Tia Catarina, ou um bilhete do Francisco dizendo que
desistiu de se casar. Mas também pode ser o troco do dinheiro
do condomínio do mês passado. Enfim, o envelope terá
que esperar, porque Elisa ainda quer esperar. Muitos não iriam acreditar. Elisa, aquela que nunca
esperou por nada ou por ninguém, há alguns dias resolveu
esperar. Ou pelo menos, ela parece esperar. Ela fica ali, deitada na
cama, olhando o ventilador no teto do quarto dispersar a fumaça
de seu último trago. Se Elisa quisesse falar talvez ela
confessaria que ela mesma não compreende a razão do seu esperar. Entre um
cigarro e outro ela come chocolate, escreve poemas, e assiste filmes
eróticos. De vez em quando ela chora e tem vontade de gritar.
Mas depois ela se recompõe e respira profundamente, e num suspiro ela parece a si mesma dizer: você tem é que esperar.
Wednesday, December 19, 2012
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