Sunday, February 24, 2013

Sabem-me a pouco


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Meias 
pessoas
Meias 
intenções
Meias 
promessas
de uma meia conversa

Meias 
verdades
Meias 
entregas
Meios 
convites
de uma meia-noite

Me 
distraem
mas 
sabem-me a pouco.


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(https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlppgsB34-gGNKiKzpMTfxDmdjXeAJdZhuf0a42cAna2U2omOXSGlu_7qxsTM-pqjx12P5P02__pRsPEzfzStIExYaED3DbhyqVh2cs4EWkC36jv0s3NVDZoB8b3vR5iNC9YM6/s1600/quebra-cabeca-de-rosto-c7055.jpg)

Saturday, February 23, 2013

O rubro cardápio do Olimpo


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O RUBRO CARDÁPIO DO OLIMPO




Das perguntas, 
uma meia certeza
A beleza, 
ela não se come na mesa

Da meia certeza,
fico a me perguntar
A venustidade,
faria ela um belo jantar?

Do jantar e da mesa,
ele, ela, e os olhares
A sobremesa,
teria ela o gosto dos manjares?

Dos olhos fitos e sadios,
corpo esguio, distinto
O dorso desnudo,
teria ele sabor de vinho tinto?

Dos desnudos delírios,
rubro cardápio
A benção do Olimpo
à beleza, ao ópio e ao arrepio.


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(Figura/fonte: http://noticias.band.uol.com.br/mundo/noticia/?id=100000369710)

Sunday, February 17, 2013

Underworld




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(Henri de Toulouse-Lautrec. Au Moulin Rouge. 1892/1895)


The creatures of the underworld
 in red and sequins

The people of the underworld
lovers of pleasure, dance and art

The lovers of the underworld
people, creatures

The citizens of the underworld
on stage, in search

The inhabitants of the underworld

creatures 
people
lovers 
citizens

loving
dancing
performing
searching

the world.



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Quote: "you may see me only as a drunken, vice-ridden gnome whose friends are just pimps and girls from the brothels. But I know about art and love, if only because I long for it with every fiber of my being.Toulouse-Lautrec - MOULIN ROUGE (film)

Saturday, February 16, 2013

Velho novo mundo

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VELHO NOVO MUNDO


O mundo
todo mundo
o mundo todo
todo o mundo

Tem um quê de poesia
tem cheiro de café
tem café com poesia
e pain au chocolat

O mundo daqui
tão avesso ao de então
O mundo de cá, não de lá
dali sei também que não

 Velho novo mundo, 
Tão terno, raso, profundo
tão cândido, tão leviano
em seu trato com o humano

Caro mundo, sim claro
você pode se achegar
e por hoje prometo não te julgar
em minha teimosa insistência em te fitar.



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(Fonte: http://udcfesticom.files.wordpress.com/2010/05/desenho-cafe.jpg)


Tuesday, February 12, 2013

Desapego




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DESAPEGO





Desapegos
Dez apegos
Dez pesos
Dez medos

Cada partida
Cada despedida
Cada pessoa percebida
Cada lição não aprendida

da vida sem apegos
da vida de desapegos

de uma lida mais pacata
de uma sina mais barata.
  


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(Figure/fonte: http://criseterno.blogspot.be/2011/06/despedida.html)

Saturday, February 09, 2013

On the other side of the window



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ON THE OTHER SIDE OF THE WINDOW






On the cold side of the window  
it is dark, it is quiet
My strides on the ground
one note after another
move on, move on
Eyes fixed, thoughts flying
The sky and stars all around
The road, the cold, 
the dark, the feet


On the warm side of the window
it is yellowish, it is cozy
His fingers on the piano keys
one note after another
play on, play on
Eyes fixed, thoughts flying
Shelves and books all around
The lounge, the warmth, 
the lamp, the hands


The melodic feet
the running fingers
and the window,
cold and warm,
 in between.


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(Picture from: http://oneminutemusiclesson.com/wp-content/uploads/2012/07/piano-hands.jpeg)


Thursday, February 07, 2013

Palavras ao tempo


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PALAVRAS AO TEMPO


O tempo é uma estrada longa
com curvas, surpresas, 
vento na contra-mão
e coisas caídas pelo chão.

O tempo tem gente, coisas,
Tem amores, suspiros e carícias. 
O tempo tem relógio, ponteiros e compassos
invenções, desusos e percalços.

O tempo não conhece pudores
Não tem preferidos nem protegidos 
Se ao menos as palavras ele poupasse...
Mas o tempo acaricia tudo que nasce.  

O tempo desmacula os adjetivos
Traz nova música às rimas e aos verbos
Lapida, desnuda, perverte, acoberta
a beleza da palavra outrora descoberta.


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(Fonte: http://tainnavieira.blogspot.be/2011_01_12_archive.html)









Friday, February 01, 2013

VINTE E NOVE


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Vinte e nove é o final do mês
e a anunciação do que virá.

Vinte e nove é o começo frio e molhado
e a próxima estação que o tempo soprará.

Vinte e nove é a saída do quarto, 
e talvez a chegada na sala de estar.

Vinte e nove é o medo letrado
e a nova peregrinação além-mar.

Vinte e nove é o último parágrafo,
e a provocação do novo primeiro.

Vinte e nove é só um número qualquer
que exala poesia, e abraça reencontros

Vinte e nove é a despedida, a chegada 
a perda, o ganho e a reconciliação.

Vinte e nove é o novo, é o velho
é vinte e é nove. 

   
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(Fonte/figure: http://versoearima.blogspot.be/2006/12/download.html)