No dia em que eu morrer
No dia em que eu morrer
Quero que vocês se lembrem de mim
Não de quem vocês gostariam que eu fosse
Tampouco daquele que gostariam que habitasse as suas lembranças
Lembrem-se de mim, e de mim, somente
No dia em que eu morrer
Não lhes peço que digam coisas bonitas
Tampouco lhes proíbido de fazê-lo, se quiserem
Mas falem de tal maneira que se ali eu estivesse
também me reconheceria, e com vocês concordaria
No dia em que eu morrer
Lembrem-se de minha compaixão para com os fracos
e do meu coração que sempre permaneceu quente
Lembrem-se do meu medo dos fortes
e das minhas mãos frias, suadas e trêmulas
No dia em que eu morrer
Lembrem-se das minhas inquietações com o mundo
Lembrem-se das minhas dúvidas e indecisões
Lembrem-se do meu conservadorismo na minha falta de liberalismo
Lembrem-se do meu liberalismo na minha falta de conservadorismo
No dia em queu eu morrer
Não se esqueçam da minhas esquistisses
Do meu sonambolismo, da minha guludice
do meu cuidado para não engordar
e de todas as milhas que eu corri
No dia eu que eu morrer
Falem sobre o que mim mais lhes irritava
e do que tiveram que fazer para lidar com isso
Contem dos seus sacrifícios em favor de nossa amizade
ou do eu tenha feito ou significado
No dia em que eu morrer
Não me neguem a minha humanidade
mas lhe digam adeus e a deixem descansar em paz
E assim o meu melhor, tão arraigado no meu pior
haverá de habitar as suas mentes e corações
Du, Leuven – 10 de setembro de 2011
Ao voltar do funeral de uma amiga
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