Saturday, September 10, 2011

No dia em que eu morrer



No dia em que eu morrer

Quero que vocês se lembrem de mim

Não de quem vocês gostariam que eu fosse

Tampouco daquele que gostariam que habitasse as suas lembranças

Lembrem-se de mim, e de mim, somente


No dia em que eu morrer

Não lhes peço que digam coisas bonitas

Tampouco lhes proíbido de fazê-lo, se quiserem

Mas falem de tal maneira que se ali eu estivesse

também me reconheceria, e com vocês concordaria


No dia em que eu morrer

Lembrem-se de minha compaixão para com os fracos

e do meu coração que sempre permaneceu quente

Lembrem-se do meu medo dos fortes

e das minhas mãos frias, suadas e trêmulas


No dia em que eu morrer

Lembrem-se das minhas inquietações com o mundo

Lembrem-se das minhas dúvidas e indecisões

Lembrem-se do meu conservadorismo na minha falta de liberalismo

Lembrem-se do meu liberalismo na minha falta de conservadorismo


No dia em queu eu morrer

Não se esqueçam da minhas esquistisses

Do meu sonambolismo, da minha guludice

do meu cuidado para não engordar

e de todas as milhas que eu corri


No dia eu que eu morrer

Falem sobre o que mim mais lhes irritava

e do que tiveram que fazer para lidar com isso

Contem dos seus sacrifícios em favor de nossa amizade

ou do eu tenha feito ou significado


No dia em que eu morrer

Não me neguem a minha humanidade

mas lhe digam adeus e a deixem descansar em paz

E assim o meu melhor, tão arraigado no meu pior

haverá de habitar as suas mentes e corações



Du, Leuven – 10 de setembro de 2011

Ao voltar do funeral de uma amiga


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