Wednesday, May 30, 2007

O Coração Peregrino

De lá para cá
Sentindo-se em casa

Ali, aqui, acolá
Só por hoje
Amanhã, quem sabe

Os mesmos ventos
Ás vezes trazem novos ares
Alguns que descem secos
Outros vem como brisa suave
ao soluço da partida de ontem

A vida vai seguindo
E por trás dos olhos
mudanças, movimentos
Encontros e desencontros
de velhos e novos olhares

De repente as cenas mudam outra vez
Por vezes trazem novos rostos
Novas situações
E as mesmas batidas ansiosas

do coração do menino
em prece por permanência

Mas o peregrino sabe
Depois de noites quentes,
ardentes e profundas
O amanhã e a manhã ás vezes trazem
Mesmo que contra a vontade
O convite inesperado para seguir

Novos caminhos, velhos passos

Marcados pela certeza do que foi
E iluminado pela esperança do que virá
Até quando lá chegar e repousar
O coração peregrino


30 - maio - 2007


( O peregrino sobre o mar de brumas. Casper David Friedrich, 1818)


Depois que coloquei esse POST ouvi essa música que segue abaixo (Sinal dos Tempos) , que acho que tem bastante a ver com o que eu escrevi. Então, resolvi editar a postagem e acrescentar a letra da musica. Uma segunda opinião sempre é bem vinda. Por que "mesmo com sono mesmo cansado" às vezes "é preciso atravessar lá fora". Mesmo que esse lá fora esteja no interior do nosso interior. São movimentos que fazemos, movimentos que fazem nossos corações peregrinos.


"É preciso fazer uma canção
Um trato, uma entrega, uma doação
É preciso a chuva escura, a noite
A solidão
É preciso tudo agora
Um dissabor uma vitória uma confissão
A voz de um instrumento e a tua mão
Que nos faça acordar
Sim
Meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar mais que mil pés
Onde Netuno traça o rumo das marés
É preciso acertar a direção dos pés
Quando os velhos caminhos se esgotam
E os tempos não voltam
Não voltam
É preciso alcançar outra estação
Mesmo com sono mesmo cansado solto como um cão
É preciso o sol e a rua a tarde
A multidão
É preciso Atravessar lá fora
Um corredor um rio da história uma revolução
O caos de uma palavra nova, um sim e um não
Que nos faça acordar
Sim
Meias palavras não bastam
É preciso acordar
É preciso mergulhar..."
(Sinal dos Tempos - Totonho Villeroy)

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