Saturday, April 27, 2013

Someone that I used to know


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Someone that I used to know



When I get home from hanging out with friends
when my bed turns around and my light stays on
I remember someone that I used to know

When I am running and see a shaved head
walking hand in hand with a blond one
I remember someone that I used to know

When I say something as stupid as it can be
and a smiling friend says "how silly you are"
I remember someone that I used to know

When my clock says it's almost 2 am
I wish you sweet dreams, my dear
I remember the you that I used to know


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(Figure/source: http://www.designboom.com/weblog/images/images_2/anita/ampm03.jpg)

Monday, April 15, 2013

Some work to do


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I have come from so far
It took me really long to get here

Yes, I know
But there is still a long way to go
There is still some work to do

I have some catching up to do

Yes, but no hurry will do the trick

I still have a long way to go

Yes, I know
There is always a way to go!


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(Source: http://www.inspirationline.com/images/starsReach.jpg)





Saturday, April 06, 2013

Resquícios vira-latas


Há duas semanas eu adentrei o restaurante universitário enquanto ainda haviam poucas pessoas no local. Como eu estava sozinho, eu intencionalmente me sentei próximo a um grupo de cerca de dez estudantes que tinham chegado no restaurante junto comigo. Havia algo naquele grupo que tinha me chamado a atenção, por isso resolvi observá-lo um pouco mais de perto.

Num grupo misto de meninos e meninas, havia um estudante que parecia centralizar a atenção e conduzir de forma espontânea a dinâmica da conversa no grupo. O menino que aparentava uns 19 anos de idade, parecia bem seguro de si mesmo, e um leve ar afeminado me levou a deduzir que ele provavelmente fosse gay. No meio dessa minha indiscreta especulação, a minha observação do grupo foi perdendo progressivamente a minha atenção e comecei a devanear nos meus pensamentos.

Independente de minha suposição sobre a sexualidade daquele estudante, o que realmente tomou o foco da minha atenção e reflexão foi o fato de eu ainda achar digno de atenção o fato de homens/meninos gays assumirem posição central e de liderança espontânea em um grupo predominantemente heterossexual. Eu tive um sentimento parecido quando eu conheci um rapaz abertamente gay que tinha sido o presidente de uma das maiores organizações estudantis em Leuven.

Esse sentimento, que eu defino como estranhamento da realidade, não me agrada, pois ele revela que eu ainda estou num processo de desconstrução da imagem de uma pessoa homossexual e sua interação no seu meio. Imagem essa que assimilei durante a minha infância, adolescência e início de juventude, e que durante muito tempo carregou uma conotação negativa. Como essa imagem negativa sempre esteve muito mais vinculada a homens gays do que a lésbicas, o foco da minha reflexão tende, em certas partes, mais para o gênero masculino.

Durante muito tempo eu associei as palavras gay e homossexual à noção de inferioridade, de marginalização, de não adequação, de insulto, de motivo vexatório. E foi somente depois de muito tempo e vivência que eu comecei a desconstruir cada uma dessas noções negativas. Esse processo começou já no Brasil, quando eu conheci alguns homossexuais me mostraram que a minha percepção da realidade estava carregada de preconceitos e pontos para ser repensados. Mas foi depois de minha mudança para a Bélgica que esse processo de desconstrução (ou reconstrução) se acelerou. Depois de ver como a questão da homossexualidade é tratada de maneira mais leve e natural pela maioria dos grupos que eu conheci aqui, eu comecei a construir uma nova imagem de uma pessoa homossexual: uma imagem que não mais usa a orientação sexual como fator discriminatório, separador ou vexatório. Nessa nova imagem, a questão da orientação sexual é só mais um elemento que marca a diversidade de um indivíduo em um grupo e por isso não é motivo para que tal indivíduo não seja aceito de forma integral pelo grupo.

Entretanto, o meu estranhamento narrado no começo do meu texto denuncia algumas deficiências dessa minha nova imagem de uma pessoa homossexual. Com a minha nova visão de mundo, eu encaro com muita naturalidade que homossexuais sejam aceitos nos grupos em que fazem parte, mas ainda olho com surpresa quando os mesmos se tornam líderes de tais grupos.

Não quero dizer que não considere a posição de liderança legítima. Na verdade, a constatação me alegra, e mostra que estamos vendo constantes avanços da interação e contribuição de gays no seus ambientes de trabalho e de envolvimento social. Mas confesso que eu estaria muito mais feliz se a pergunta “ele é gay e conseguiu se tornar representante de todos os estudantes?” nunca tivesse que se passar na minha cabeça. E temo que essa pergunta ainda esconda resquícios de um complexo de vira-lata.






NOTA ADICIONAL E EXPLICATIVA

No final do texto eu menciono a expressão "complexo de vira-lata". O que eu quero dizer é algo que eu também vejo claramente na relação Brasil x Europa, por exemplo. Ainda temos, enquanto povo brasileiro, um certo complexo de colonizados. Damos tratamento preferencial para estrangeiros (europeus/americanos) quando eles estão no Brasil, enquanto que fora do Brasil não somos tratados assim. Por que? Porque lá no fundo alguém nos ensinou que somos inferiores. Mas lógico que dizer que alguém é inferior não é algo que se diga, então acabamos incorporando isso de uma maneira muito sutil e desapercebida, de tal forma que juramos de pés juntos que somos todos iguais. Ainda assim damos tratamento preferencial a estrangeiros no Brasil. Por que somos hospitaleiros? Em partes, sim. Mas, em grande parte, porque ainda temos resquícios do complexo de vira-lata (do complexo de colonizados). Se fosse apenas pela hospitalidade, daríamos o mesmo tratamento preferencial a estrangeiros latino-americanos e africanos. 

Voltando à questão homossexual. Depois de ter sido doutrinado que homossexuais estavam relegados à condição de marginalização, eu me dei feliz e satisfeito por alcançar um outro patamar na questão: o de ver de o quão mais justo, igualitário e livre de preconceitos é um grupo que aceita/reconhece a identidade homossexual de parte de seus integrantes. Mas minhas pretensões pararam aí. Não segui o raciocínio que, sendo igual, o membro homossexual poderia aspirar, como qualquer outro, por uma posição de líder, de figura central e representativa do grupo. Isso denuncia de que eu acharia normal homossexuais assumirem um enrustido complexo de vira-lata em grupos.

Meu raciocínio é que todos nós, homossexuais ou não, precisamos deconstruir e reconstruir (pre)conceitos. Isso é necessário para uma relação mais legítima e igualitária entre todos. Sem assumir nada. Sem complexos (seja ele de inferioridade, de superioridade, ou de vira-lata). Simplesmente deixar as pessoas serem quem elas são.

E nesse sentido isso se estende a todos: mulheres, negros, lésbicas, religiosos, ateus, etc. Se estende a todos os grupos que por determinada condição são/foram discriminadas/marginalizadas pela ditadura da maioria (ou do pensamento corrente).