Saturday, June 20, 2009

Leuven, 18 de junho de 2009

Olá, meus amigos!

Depois de muito tempo, cá estou para contar um pouquinho do que se passa na minha vida em terras belgas. Como de costume, costumo me empolgar quando escrevo para vocês.. Mas prometo que vou tentar não escrever uma carta quilométrica.. : )

Falando em quilômetros, gostaria de compartilhar com vocês de algo que me trouxe muito alegria e satisfação no final do mês passado. No dia 31 de maio, eu participei de uma corrida chamada “20km de Bruxelas” (vejam foto abaixo). Embora minhas tentativas de me tornar um “corredor amador um pouco menos amador” já venham de algum tempo, nunca havia corrido uma distância tão longa. Então essa corrida foi um verdadeiro deafio para mim.


(Os 20 km de Bruxelas – corrida com quase 28 mil pessoas – 31 de maio de 2009. Meu tempo de prova: 1h43min54sec) – Essa foto foi tirada nos últimos 3 quilômetros da corrida.. Minha cara de alegria é porque eu tinha acabado de ver uma pessoa conhecida (uma amiga aqui da Bélgica) no meio da múltidão que acompanhava a corrida.


Essa história de 20km começou há três meses atrás, quando alguém anunciou na igreja que eu frequento aqui em Leuven que uma organização chamada Stop the Traffik (organização que combate o tráfico de pessoas e o trabalho escravo) estava procurando voluntários para correrem 20km em Bruxelas como uma forma de arrecadar dinheiro para os projetos que eles tem. Me empolguei desde o início, pois a causa era justa e também os 20km soaram como um desafio pessoal. Então, me prontifiquei de imediato a me juntar ao grupo de 47 corredores do Stop the Traffik (no total, quase 28 mil pessoas participaram da corrida). Na preparação para a corrida eu estava tão animado, que até uma contusão na perna esquerda eu tive. Tive que visitar um médico pela primeira vez aqui na Bélgica, interromper meus treinos por 3 semanas e lidar com o medo de não poder participar da corrida. Mas depois de muita ansiedade e espera, minha perna melhorou da contusão e, com um ritmo de treino mais moderado, consegui ser um entre muitos que participou dessa festa do atletismo na Bélgica.

Como vocês podem perceber, sempre me empolgo quando o assunto é corrida! Mas nem só as corridas tem sido preenchida a primeira metade da minha segunda temporada na Bélgica. Esse também tem sido um período de aproveitar a tão esperada primavera.... Depois de meses frios, de dias curtos e nublados, temos aproveitado novamente um pouco de calor aqui em Leuven. Os dias estão muito mais longos (para vocês terem um noção, nessa época do ano anoitece aqui às 22:00) e ensolarados, o que traz uma atmosfera incrível de vida para a cidade. Nessa época do ano, as pessoas ficam até mais tarde nas ruas e praças, fazem churrasco, estudam e tomam sol nos gramados (praças, parques, jardins ou qualquer verde que exista), praticam mais esporte, correm, se reunem em frente aos cafés e bares do centro da cidade, etc. Mas não só as pessoas ficam mais animadas, mas a natureza também. As árvores agora tem de volta as suas folhas verdes perdidas durante o outono e os dias frios do inverno, e os pássaros estão de volta e na sua época mais ativa. Tudo isso faz do lugar que eu moro, que tem muito verde e é perto de um bosque, um local ainda mais agradável. O nome do local onde eu moro é Arenberg. É praticamente um campus universitário (mas não é afastado da cidade). Além de muitos estudantes, aqui você também pode encontar muitos patos, como a família de patos que você pode ver na foto abaixo.


(Família de patos habitante de Arenberg, local onde eu moro) - Os pequenos patos nascem mais ou menos nessa época do ano, e são extremamente graciosos e engraçados. Depois de grandes os patos podem não ser tão graciosos como antes, mas continuam muito engraçados. Eu sempre me divirto com os meus vizinhos patos.

Além de correr e desfrutar dos dias de primavera, eu também continuo firme no meu doutorado. Como muito de vocês sabem, disciplina não é o meu forte... E para fazer um doutorado, muito disciplina pessoal é necessária. Mas, pouco a pouco, estou ficando mais disciplinado e focado no meus estudos. Ainda acho que meu desempenho tem que melhorar um pouquinho (sem falsa modéstia.. é verdade.... estou sendo realista), mas já estou feliz e satisfeito com os avanços e as melhoras feitas até aqui. Com um pouquinho mais de tempo e esforço acho que já estarei no ritmo ideal para um doutorado. : )

Além dos meus estudos do doutorado, também tenho dedicado parte do meu tempo livre para estudar holandês. Tenho desfrutado muito do processo de aprendizado, e tenho vivenciado com grande alegria (e algumas vezes frustração) da minha evolução nessa língua que no começo soou estranha no meu ouvido, mas que já desde algum tempo ganhou toda a minha simpatia. Acabei de terminar o segundo nível do curso de holandês que estou seguindo (de um total de 6 níveis), mas também exercito o meu holandês sempre que possível fora da sala de aula. Segundo uma lei que eu criei, eu não posso falar em inglês quando estou com os meus amigos e colegas belgas da minha residênicia. E pouco a pouco os diálogos estão ficando cada vez mais fluentes. Mas, fluente ou não, holandês tem que ser usado com língua de comunicação. Essa é a minha regra para poder aprender holandês. E para que isso funcionasse demorou algum tempo e insistência minha, porque aqui em Flanders (a região onde eu moro na Bélgica), por razões históricas, culturais e territoriais, as pessoas tem bastante afinidade com línguas. Isso significa que se um belga conversa com um estrangeiro aqui em Leuven, ele vai automaticamente trocar o idioma de comunicação para o inglês (muitas vezes, mesmo que o estrangeiro tenha dito as primeiras frases em holandês). Então, é sempre um desafio para estrangeiros aprenderem holandês aqui, uma vez que todo mundo fala razoavelmente bem inglês.

Essa questão da língua é só uma dentre muitas peculiaridades da Bélgica, e se eu pudesse eu ficaria aqui por páginas e páginas tentando descrever para vocês como é o estilo de vida belga e como eles reagem nas situações cotidianas. Mas, enquanto eu mesmo aprendo todas as coisas aqui, eu vou contando pouco a pouco para vocês nas minhas cartas. E, quando vocês vierem para a Bélgica, terei um prazer imenso em poder mostrar um pouco a vocês desse país que está me acolhendo durante essa minha temporada aqui nas terras do norte. Os levarei para comer as batatas-fritas belgas, que definitivamente me consquistaram; mostrarei a arquitetura antiga, bonita e charmosa que está por toda parte; e brindarei com vocês com uma cerveja belga, de preferência em um dia ensolrado na praça de Leuven.

Mas enquanto não recebo a visita de vocês por aqui, espero ir mantendo contato com vocês.... e desde já aguardo com grande expectativa a minha visita ao Brasil em dezembro desse ano.

Antes de me despedir, vou só deixar com vocês algumas notícias rápidas dos meus útimos meses: Acabei de ler Crônicas de Nárnia; visitei Amsterdam mais uma vez (dessa vez com a Magda – grande amiga do Brasil), e comprei o livro “Diário de Anne Frank”, o qual eu 'devorei' em poucos dias; tive de me despedir de uma grande amiga minha, Alejandra, que voltou para a Colômbia depois de passar 10 meses em Leuven; continuo acessando periodicamente (muitas vezes ao dia), as páginas da UOL e da GLOBO, o que me deixam atualizado dos principais acontecimento no Brasil (dos fatos mais importantes aos mais fúteis); quase que perdi totalmente os 10kg ganhos na minha visita ao Brasil no começo do ano; perdi o casamento de mais um casal de amigos no Brasil (Danúbia e Fabiano); assinei um jornal belga específico para estrangeiros (o holandês é escrito de maneira mais fácil); estou um pouco melhor nos meus dotes culinários; fiz brigadeiro pela primeira vez e servi guaraná Antarctica em um jantar para uma comemoração atrasada do meu aniversário; tive meus joelhos queimados pelo sol belga em um dia que estava estudando no gramado; continuo ouvindo de vez enquando a rádio NOVA BRASIL FM, que sempre traz inspiração para meus dias; ajudei dois patinhos que tinham confundido uma pata com a sua mãe a acharem a verdadeira mãe-pata (um amigo meu me mostrou qual era a mãe correta); dei as boas-vindas para mais um brasileiro no meu grupo de pesquisa; acabei de ler dois livros do Garfield em holandês (o Garfield é uma figura!!!); dei o meu primeiro estudo bíblico em inglês, o que não achei que foi muito bem sucedido; viajei para uma conferência no sul da França de bicicleta (viajamos até a fronteira da Bélgica com as bicicletas no trem, e depois pedalamos pouco mais de 60km); participei de uma corrida chamada Bike&Run (33 km, percorridos em dupla com revezamento de quem corre e de quem vai pedalando) vestindo a camisa do Brasil que ganhei de meus amigos e ex-colegas do curso de computação de Rio Claro; tive a minha menor taxa de escrita de e-mails desde que abri minha primeira conta de e-mail (como vocês devem ter percebido pelo escassês dos meus e-mails); encontrei brasileiros por acaso nas ruas de Leuven; ganhei um ferro de passar roupa da Alejandra quando ela foi embora para a Colômbia; descobri que a República Dominicana fica na América Central. : )


Abraços e beijos mais que saudosos

Du