O milagre que eu esperei nunca me aconteceu!!!!
Essa semana estou chengando a conclusão de que às vezes o milagre que queremos dificilmente acontece, pois muitas vezes queremos algo que nos leve para longe de nós mesmos. "Cada um sabe da dor traz no coração" e é exatamente lá que queremos mexer... que queremos nos afastar. Mas talvez não pensemos que possam ser as lágrimas derramadas por essa dor que alimentem a circulação sanguínea daquilo que realmente somos, o sangue que nos deixa de pé. Se pudessemos com certeza fugiríamos de nós mesmos, porque muitas vezes somos tão vis que se torna bem difícil conviver com a gente mesmo. E realmente é. Talvez porque estejamos tão ocupados em representar algo que não somos ou querer ser algo tão longe daquilo que somos.
Possivelmente concordemos lá em nosso íntimo com o velho Hagar.
Triste sina essa de encontra-se rejeitado por nós mesmos. Por isso, como Francisco de Assis, "eu oro por uma santa humildade, a habilidade de ver e aceitar a mim mesmo como sou". E na verdade isso só é possível mesmo por que simplesmente somos aceitos por aquele que nos criou, Deus. Ele nos ama mesmo na nossa busca incessante pela fuga, que nos faz até perder de vista aquilo que realmente somos. E é nele que encontramos o referencial para a reconciliação como nosso eu. "A fé significa que o ser, ao ser ele mesmo e desejar ser ele mesmo, descansa transparentemente em Deus" (Kierkegaard, In. Mentoria Espiritual).
"Ele [Deus] é amor, e a extensão do seu amor vai até a graça. Está disposto a perdoar os que o odeiam e descobrir um meio de abraçar os sujos e pequenos maltrapilhos. Ele na verdade os ama - e nós somos eles" (Larry Crabb - Chega de Regras - pag 154)
A nós, maltrapilhos, sejam os conselhos dos poetas Anitelli e Fernando Sousa (ver abaixo). E que nessa busca pelos nós mesmos já esquecidos, não deixemos-nos esquecidos na última ESTAÇÃO. E que então encontremos a água fria do peixe vivo e a verdadeira companhia. Pois, "como pode um peixe vivo viver fora da água fria? Como poderei viver sem a tua companhia?"
"Viva a tua maneira
Não perca a estribeira
Saiba do teu valor
E amanheça brilhando mais forte
Que a estrela do norte
Que a noite entregou!"
(Trecho de Camarada Dágua - Fernando Anitelli e Danilo Souza)
"Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
O abraço de vampiro é o sorriso de um amigo e mais nada
Não há de ser nada, pois sei que a madrugada acaba, quando a lua se põe
A estrela que eu escolhi não cumpriu com o que eu pedi
e hoje não a encontrei
Pois caiu no mar, e se apagou
Se souber nadar, faça-me o favor
O milagre que esperei nunca me aconteceu
Quem sabe é só você
Pra trazer o que já é meu
(x2)
Brilha onde estiver
Faz da lágrima o sangue que nos deixa de pé (x2)"
(Brilha Onde Estiver - Fernando Anitelli)